O Brasil deu um importante passo em um tema historicamente negligenciado pelo poder público: a universalização do acesso ao saneamento básico. Com o discurso de sempre e extremamente repetitivo, de que água não é mercadoria, a esquerda, como era de se esperar, votou contra.
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O novo marco regulatório possibilitará o acesso à água para mais de cem milhões de brasileiros. Mas PT, PSol e similares foram contra. Vale a máxima, como sempre preponderou no entendimento desta turma, "se não foi proposto por nós, não tem valia". Aliás, o PT, para aqueles que não se recordam, foi contra o Plano Real (que livrou o país da inflação), se opôs à Lei da Responsabilidade Fiscal (um importante mecanismo de controle dos gastos da máquina pública por parte dos mandatários), e, mais recentemente, rotulou de descabida a Lei de Tetos de Gastos e também tentou barrar a Reforma Trabalhista.
PARA MANTER O NICHO
O compromisso da esquerda, salvo raras exceções, é com a precarização de serviços essenciais. Assim, mantém-se um nicho de atuação com discursos romanceados e que agradam apenas aqueles que estão presos aos movimentos estudantis.
Os serviços de água e de esgoto estão sob os cuidados do poder público. E nem por isso o acesso ocorre. Aliás, bem pelo contrário. A ineficiência, em decorrência de um sistema obsoleto e sem cobranças, faz com que tenhamos, ao menos, 100 milhões de pessoas sem acesso ao esgoto tratado.
Dados de ONGs e do próprio governo apontam que, em todo o Brasil, mais de 90% dos serviços são realizados por companhias estaduais ou municipais. Ou seja, a leitura é bem simples: não vale a pena seguir com o modelo atual.
PRIVATIZAR NÃO PODE, JÁ ESTATIZAR...
No Brasil, há um tabu chamado privatização. Falar em vender algo público é quase um sacrilégio para a esquerda brasileira. Nas redes sociais, petistas, psolistas não falam em outra coisa, senão nisso: a venda da água. Boa parte dos problemas do país está neste cipoal de estatais criadas. São mais de 400 empresas estatais, englobando União, Estados e municípios.
A efeito de comparação, os Estados Unidos têm apenas 16, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. Segundo a própria FGV, a maior parte dessas empresas estatais foi criada entre as décadas de 1930 e 1980, o auge das fundações e estatizações ocorreu durante o regime militar (1964-1985).
CABEDAL INEFICIENTE
O fato é que bancamos estatais dos mais diversos segmentos sem valia alguma. A maioria, além de não ser lucrativa, sequer é estratégica. O Tesouro (dinheiro público) é quem paga esses elefantes brancos que só dão custos e retorno zero.
Além de não avançarmos como deveríamos nas privatizações, estatais são cabides de emprego para partidos e políticos e, claro, focos de corrupção. Dilma (PT), contudo, contribuiu e destoou desta máxima, sendo uma das presidentes que mais privatizou. E soube dos ganhos que isso rendeu ao país. Está na hora de Bolsonaro fazer o mesmo.